terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Saga do Sequestro em Budapeste - Parte 2



Continuando a saga iniciada nesse post

Após o grito “HHHHHHHHEEEEEEEEEELLLLLLLLLLLPPPPPPPPPPPPP!!!!!!!!!!!!!!!” fecho o olho e aguardo o tiro de pistola. Contudo, ele não vem. Continuo seguindo os jovens e em pouco tempo o segurança e sua parceira desistem de me seguir.
Começo então a pedir ajuda dos jovens, explicando que meu amigo tinha sido sequestrado e corria risco de vida. Fala para ligarem para a polícia. Depois de muita insistência, eles decidem me ajudar.
Um deles bate na porta de um prédio. Aparece então o que seria o síndico, com uma cara de sono danada. Ele então chama a polícia.
Cerca de 10 minutos depois chega a viatura. Os jovens ficam de intérpretes, umas vez que os policiais só falavam húngaro. Mesmo sem entender a língua, no final do papo entendi o contexto. Os oficiais pediram aos jovens para irem na viatura e ajudarem na comunicação. Um deles responde que não, que já tinham se envolvido até demais.
Entro então na viatura com dois policiais que não falam inglês e seguimos em direção ao bar. No caminho, lembro da frase do gangster “Minha cidade, minha polícia”. Penso que se ele tivesse dito a verdade, aí sim eu iria vestir terno de madeira...rs.
Mas na minha cabeça eu tinha que voltar o mais rápido possível. Mesmo torto de bêbado, eu imaginei que começariam a espancar o Beraba, então eu tinha que chegar antes que ele ficasse desfigurado...kkkk.
Parênteses: nesse meio tempo o segurança retornou com a mulher. Disseram para o Reginaldo: “Your friend is crazy, he almost beat me up. He took the money and started to run away”. Traduzindo: “Seu amigo é doido, ele quase me bateu. Pegou o dinheiro e começou a fugir correndo”. O gangster olha pro Beraba e diz: “Now you are in a serious trouble”. “Agora você está com um sério problema”. O sotaque bizarro eu tentei reproduzir nessa gravação:




Enfim, encham o saco do Beraba para ele contar a versão dele pois existem partes engraçadíssimas ;)

Mas continuando a história, eu chego no bar e o gangster está na porta. Ele late alguma coisa com os policiais e depois me diz: “Vocês entraram aqui e não quiseram pagar a conta. Seu amigo está no Hostel. Eu vou colocar um advogado internacional atrás de vcs”.
Eu respondo “Ok, se meu amigo estiver no hostel a salvo, pode mandar seu advogado nos procurar em nosso país”.
Embarco de novo na viatura com o policiais que me levam até o albergue. Chegando lá toco o interfone e começo a falar em inglês, ainda sobre efeito do álcool. Era o Beraba que tinha atendido...rs.
Subo para o albergue e encontro o Reginaldo junto com um uruguaio. Os policiais queriam que pagássemos a conta.
O Beraba liga pro dono do hostel que fala que era melhor a gente pagar.
Então o uruguaio da a ideia de ligarmos para a embaixada. Ligo e me indicam o telefone de uma advogado da embaixada. Ele atende com voz de sono, falando português com um sotaque extramente carregado. Ele conversa ao telefone com os policiais e tenta nos tranquilizar. Eu digo que queríamos uma escolta para levar a gente até a estação de trem para irmos embora. Ele diz que não precisa, que a Hungria não era o Brasil, que estávamos seguros, já que em nenhum momento nos agrediram. Isso, segundo ele, aconteceu porque a lei lá realmente é dura e funciona. Então ele diz que poderíamos ficar na cidade e aproveitar, pagarmos somente se quisermos, e já desligou o telefone meio sugado.
Enfim, vamos para nossas camas. Mas quem disse que conseguíamos dormir. Cada barulhinho no albergue e a gente já ficava alerta, esperando a máfia entrar metralhando tudo...rs
No outro dia nossa história ficou famosa. Todo mundo pedia para contarmos, não só no albergue mas durante todo o resto da viagem. Teve gringo nos encontrando no Vaticano, em Roma, e perguntando o que tinha acontecido. Viramos celebridades...kkkk
No fim, pensamos que se os mal feitores quisessem pegar a gente, pegariam de qualquer jeito, mesmo que decidíssemos partir de manhã. Então decidirmos ficar e aproveitar a cidade.
E foi muito legal. Visitamos os banhos termais, piscinas aquecidas de 22 a 30 graus, a céu aberto, em um inverno de 4 graus. Foi sensacional!
Além disso, visitamos os castelos medievais. Lá tirei essa foto do Beraba:



O engraçado dela, tirada um dia depois do sequestro, é que foi utilizado por toda imprensa nas matérias sobre a invasão do Facebook...kkk.

Enfim, assim terminou a grande saga do sequestro em Budapeste. Acabamos sobrevivendo ilesos e sem pagar a conta!

Apesar de tudo, foi uma das cidades mais legais que visitei durante o mochilão. Recomendo bastante. Mas tome cuidado com os bares da cidade ;).

Abs e feliz 2015.

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