Continuando a saga
iniciada nesse post.
Após
o grito “HHHHHHHHEEEEEEEEEELLLLLLLLLLLPPPPPPPPPPPPP!!!!!!!!!!!!!!!”
fecho o olho e aguardo o tiro de pistola. Contudo, ele não vem.
Continuo seguindo os jovens e em pouco tempo o segurança e sua
parceira desistem de me seguir.
Começo
então a pedir ajuda dos jovens, explicando que meu amigo tinha sido
sequestrado e corria risco de vida. Fala para ligarem para a polícia.
Depois de muita insistência, eles decidem me ajudar.
Um
deles bate na porta de um prédio. Aparece então o que seria o
síndico, com uma cara de sono danada. Ele então chama a polícia.
Cerca
de 10 minutos depois chega a viatura. Os jovens ficam de intérpretes,
umas vez que os policiais só falavam húngaro. Mesmo sem entender a
língua, no final do papo entendi o contexto. Os oficiais pediram aos
jovens para irem na viatura e ajudarem na comunicação. Um deles
responde que não, que já tinham se envolvido até demais.
Entro
então na viatura com dois policiais que não falam inglês e
seguimos em direção ao bar. No caminho, lembro da frase do gangster
“Minha cidade, minha polícia”. Penso que se ele tivesse dito a
verdade, aí sim eu iria vestir terno de madeira...rs.
Mas
na minha cabeça eu tinha que voltar o mais rápido possível. Mesmo
torto de bêbado, eu imaginei que começariam a espancar o Beraba,
então eu tinha que chegar antes que ele ficasse desfigurado...kkkk.
Parênteses:
nesse meio tempo o segurança retornou com a mulher. Disseram para o
Reginaldo: “Your friend is crazy, he almost beat me up. He took the
money and started to run away”. Traduzindo: “Seu amigo é doido,
ele quase me bateu. Pegou o dinheiro e começou a fugir correndo”.
O gangster olha pro Beraba e diz: “Now you are in a serious
trouble”. “Agora você está com um sério problema”. O sotaque
bizarro eu tentei reproduzir nessa gravação:
Enfim,
encham o saco do Beraba para ele contar a versão dele pois existem
partes engraçadíssimas ;)
Mas
continuando a história, eu chego no bar e o gangster está na porta.
Ele late alguma coisa com os policiais e depois me diz: “Vocês
entraram aqui e não quiseram pagar a conta. Seu amigo está no
Hostel. Eu vou colocar um advogado internacional atrás de vcs”.
Eu
respondo “Ok, se meu amigo estiver no hostel a salvo, pode mandar
seu advogado nos procurar em nosso país”.
Embarco
de novo na viatura com o policiais que me levam até o albergue.
Chegando lá toco o interfone e começo a falar em inglês, ainda
sobre efeito do álcool. Era o Beraba que tinha atendido...rs.
Subo
para o albergue e encontro o Reginaldo junto com um uruguaio. Os
policiais queriam que pagássemos a conta.
O
Beraba liga pro dono do hostel que fala que era melhor a gente pagar.
Então
o uruguaio da a ideia de ligarmos para a embaixada. Ligo e me indicam
o telefone de uma advogado da embaixada. Ele atende com voz de sono,
falando português com um sotaque extramente carregado. Ele conversa
ao telefone com os policiais e tenta nos tranquilizar. Eu digo que
queríamos uma escolta para levar a gente até a estação de trem
para irmos embora. Ele diz que não precisa, que a Hungria não era o
Brasil, que estávamos seguros, já que em nenhum momento nos
agrediram. Isso, segundo ele, aconteceu porque a lei lá realmente é
dura e funciona. Então ele diz que poderíamos ficar na cidade e
aproveitar, pagarmos somente se quisermos, e já desligou o telefone
meio sugado.
Enfim,
vamos para nossas camas. Mas quem disse que conseguíamos dormir.
Cada barulhinho no albergue e a gente já ficava alerta, esperando a
máfia entrar metralhando tudo...rs
No
outro dia nossa história ficou famosa. Todo mundo pedia para
contarmos, não só no albergue mas durante todo o resto da viagem.
Teve gringo nos encontrando no Vaticano, em Roma, e perguntando o que
tinha acontecido. Viramos celebridades...kkkk
No
fim, pensamos que se os mal feitores quisessem pegar a gente,
pegariam de qualquer jeito, mesmo que decidíssemos partir de manhã.
Então decidirmos ficar e aproveitar a cidade.
E
foi muito legal. Visitamos os banhos termais, piscinas aquecidas de
22 a 30 graus, a céu aberto, em um inverno de 4 graus. Foi
sensacional!
Além
disso, visitamos os castelos medievais. Lá tirei essa foto do
Beraba:
O
engraçado dela, tirada um dia depois do sequestro, é que foi
utilizado por toda imprensa nas matérias sobre a invasão do Facebook...kkk.
Enfim,
assim terminou a grande saga do sequestro em Budapeste. Acabamos
sobrevivendo ilesos e sem pagar a conta!
Apesar
de tudo, foi uma das cidades mais legais que visitei durante o
mochilão. Recomendo bastante. Mas tome cuidado com os bares da
cidade ;).
Abs
e feliz 2015.